3x06 - I Got a Right to Sing the Blues

Esse sexto episódio de True Blood pode ser facilmente resumido em banho de sangue. E ação. E só. Porque, de alguma forma, não só nesse episódio como nos que o precederam, a história parece estar empacada. Aliás, parece história demais para tempo de menos e aí todas as tramas ficam tão fragmentadas que assistimos à dez minutos de cada personagem por domingo (quando muito, porque cadê a minha Pam que não aparece faz duas semanas?). Mas o que sempre salva True Blood é a capacidade de, no mínimo, acrescentar algo novo, e dessa vez não foi diferente.

As partes com a Lorena e o Bill, por exemplo. Embora eles tenham ficado o episódio inteiro no mesmo lenga-lenga, gostei muito dos diálogos. Sabe, a relação deles dois é bem complexa, se você conseguir ignorar a bizarrice e analisar de uma forma mais profunda. Pela primeira vez em todas as temporadas eles tiveram um confronto direto entre a aceitação da Lorena, que mostrou ter simplesmente submetido-se às lições de seu criador, e a rebeldia do Bill, que sempre lutou contra a imposição dessa natureza violenta. E é exatamente por isso que ela protesta quando Bill fala que ela não sofre há muito tempo: ela sofre sim, por amor, por ser o retrato de tudo o que ele repudia.

A Lorena foi uma personagem que cresceu muito no meu conceito. Antes eu só a odiava, mas agora a idéia de que ela pode morrer ao final da temporada, ou em temporadas futuras, não me agrada nem um pouco. Ela foi uma personagem construída bem devagar: foi apresentada como a criadora, depois voltou como a amante doentia e agora está nos mostrando o que motiva suas ações.

O Bill está sendo revelado num ritmo parecido, embora por motivos diferentes e de um modo mais sutil. Gosto de ver ele e a Sookie juntos, mas gosto mais ainda de o ver entre vampiros “de verdade” e tendo que lidar com seus próprios conflitos.

Ainda falando em diálogos, a conversa entre o Russell e o Eric à caminho da mansão da Sophie-Anne também foi divertida. É sempre muito bom ver os vampiros esculhambando os humanos com razão: a destruição do habitat, a auto-destruição... E finalmente o Russell deixou claro que teve ligações com Hitler, o que já tinha ficado subentendido nesse True Blood Postmortem.

Mas uma coisa que não me desce desde o episódio passado é essa ligação do Eric com o Russell no passado. Sério, pra que isso? Pareceu que essa vingança foi enfiada na trama só por conveniência, do tipo das coincidências que as novelas adoram fazer. Além de desnecessária, desvia mais ainda o foco da temporada, que é o que a série menos precisa agora. Mas vamos ver, né? Só espero que o Eric não mate o Russell. Nem o Talbot.

Falando em gente que não pode morrer, olha, eu adoro a Tara, mas vou ficar ligeiramente magoado se ela tiver de fato matado o Franklin. Não que eu ache que isso realmente tenha acontecido, mas sei lá. Não quero que ele morra nem agora nem nunca. A Tara foi uma das responsáveis por boa parte do banho de sangue desse episódio, e num combo de bizarrice: ao beber o sangue do Franklin daquele jeito assustador e ao estraçalhar a cabeça dele. Mas convenhamos, é preciso muita bizarrice pros fãs de True Blood ficarem chocados, porque né? No mais, gostei quando ela entrou em ação pra salvar a Sookie.

A Sookie é uma das personagens pela qual eu menos tenho me interessado. Não sei se é porque eu já sei o que ela é, ou porque ela está mais uma vez boiando no meio das coisas, mas tudo me parece mais interessante que ela. Quase tudo.


O Lafayette e o Jesus eram o casal gay que True Blood tanto precisava. Eu sinto falta daquele Lafa da primeira temporada, mas se ele arrumar mesmo um namorado eu já fico feliz . O Jesus sabe tão bem o que quer que deixou o Lafayette tímido. E não foi exatamente uma novidade o relacionamento já começar com problemas. Melhor o Jesus ter descoberto sobre o V logo do que esse segredo ter se arrastado mais pra frente.

É interessante notar que a série só formou seu primeiro casal de gays humanos na terceira temporada. É claro que o Lafayette representava a abordagem do assunto, mas, se pararmos para pensar, desde o início o preconceito só rola entre os seres-humanos. Quem não lembra da cena do hambúrguer de Aids? Ou nesse episódio mesmo, os caras chamando o Lafayette de viado? Entre os vampiros o assunto sempre foi tratado numa boa e a maioria deles parece ser bissexual. Ter relações com alguém do mesmo sexo para todos eles é normal. Acho que podemos entender isso como uma prova de quanto a espécie deles é evoluída: o preconceito sexual não existe.

Acho a família do Sam um saco. Ok, na verdade eu até simpatizo com a Melinda e acho que tenho pena do Tommy, mas que gente chata! Pelo menos agora já sabemos o que está acontecendo e parece que o Sam vai se meter nos assuntos da família dessa vez. Ainda bem, porque eu não agüento mais o bêbado do Joe Lee sendo... bêbado.

Eu realmente não sei o que esperar desse casamento do Russell com a Sophie-Anne. Tadinha, ela parece tão avulsa. E fui só eu que me surpreendi ao saber que o Eric é mais velho que ela? E adorei ver que eles não esqueceram da Hadley.

E essa Jessica, hein? É outra que está sendo pouco aproveitada. Na verdade, estou gostando de ver ela evoluindo como uma vampira de verdade. Parece que ela pegou mesmo gosto pelo sangue original e deixou o Tru Blood de lado. Mas ela pode dar tão mais. E cadê o Hoyt? Às vezes penso que seria legal ver a Jessica e o Tommy juntos, mas tento afastar esse pensamento o mais rápido possível. O problema é que isso fica meio difícil quando o Hoyt some.

Ah, e todo episódio tem uma ceninha engraçadalha. A cena desse com certeza foi a Arlene fazendo o sinal da cruz pra Jessica e concluindo que o fato de ela estar grávida a faria uma refeição dupla.

Achei muito bom terem desviado a trama do Jason pra Crystal, porque ela é muito mais interessante do que as tentativas dele de se tornar policial. Eu jurava que ele ia deixar isso de lado, mas aparentemente ele não desistiu. E achei legal fazerem ele lidar com um clone mais novo. Ou não saber lidar.

Eu gostei do cliffhanger e da Sookie ter encontrado o Bill no final. Sabe, eles realmente se amam. Independente de condutas duvidosas, há amor entre os dois e, por enquanto, eu não consigo ver um sem o outro. E gosto disso. Não entendo esse alarde todo por causa do Eric.


Quero dizer, sei que é difícil pra quem leu os livros fazer a separação, mas já estamos na terceira temporada e tanto o Alan Ball quando a Charlaine Harris já deixaram mais do que claro que os universos podem ser iguais, mas a série e os livros seguem rumos diferentes. O que aconteceu no caso de True Blood não foi uma transposição da linguagem escrita para visual, mas sim uma adaptação livre. Não há dúvidas que o Bill da série ama a Sookie, por exemplo, e os acontecimentos entre os dois têm acontecido de forma plausível a isso.

Nesse ponto, até eu quero ver como vai ser esse lance entre a Sookie e o Eric, mas não estou impaciente, ou achando que o Alan Ball está estragando tudo. O fato de a série estar meio empacada e perdida em várias tramas me preocupa muito mais do que a falta de pegação entre os dois.

A verdade é que o último episódio que realmente me empolgou foi o segundo. A sensação que eu tenho é que os objetivos foram apresentados, mas até eles serem de fato alcançados, a enrolação vai ser gigantesca. Mais ou menos o que aconteceu na segunda temporada, com a trama da Maryann. Por outro lado, gosto de ver o universo da série se expandindo, as personagens sendo aprofundadas e toda a mitologia começando a ficar mais concreta. Isso porque ainda vem mais por aí: a Sookie, a Crystal...