12 de julho de 2011

4x03 - If You Love Me, Why Am I Dyin'?


Um dos maiores méritos de True Blood sempre foi não se levar a sério. Ainda assim, a série conseguia tratar de temas atuais, dando margens para reflexões persistentes, e cativar um enorme número de fãs. Mas entre se levar a sério de menos e a falar de assuntos demais, True Blood virou uma bagunça de criaturas sobrenaturais numa temporada que tinha tudo pra ser muito boa, mas que acabou sendo... ok. Foi uma ótima surpresa quando a quarta temporada começou e um ano havia se passado em Bon Temps. Toda a bagunça dos últimos doze episódios foi enterrada junto com o Russell e (quase todas) as tramas foram inteligentemente resetadas, dando não só um novo ritmo à série, mas também a oportunidade dela voltar a ser mais concisa, sem aquela necessidade de deixar os personagens separados em núcleos tão diferentes. O que já estava sendo muito bem feito há dois episódios foi consolidado nesse último domingo, quando Alan Ball entregou um dos episódios mais divertidos de toda a série.

Eis que chega o momento que todas as fãs dos livros esperavam: Eric finalmente perde a memória e o primeiro grande passo para ele se aproximar da Sookie é dado, num dos acontecimentos clássicos da história escrita por Charlaine Harris. E é agora que eu pago a minha língua.

Mais uma vez, ser fiel aos livros mostrou-se muito providencial. Não quero dizer que só gosto do que é fiel aos livros. Adoro a Jessica, por exemplo, e ela foi criada exclusivamente para a série. Acontece que, fazendo um levantamento geral, há precedentes de que toda vez que a série segue os acontecimentos dos livros, dificilmente algo sai errado (tirando, talvez, a história das fadas, que demorou um pouco pra convencer na TV, se é que já convenceu). A primeira temporada, que é praticamente igual ao primeiro livro, é indiscutivelmente irretocável. A amnésia do Eric também tem tudo para seguir esse mesmo caminho.

Mesmo antes de o Eric perder a memória, brigaram, reclamaram e xingaram muito o coitado do Alan Ball, mas ele fez um excelente trabalho com a história que tinha nas mãos. É claro que há o mérito dos roteiristas e o mérito da autora dos livros, mas o fato desse episódio ter sido divertido deve-se muito ao Alexander Skarsgard. Alguém pode com aquelas caras? Com ele sentindo cócegas? Com ele perguntando se a Sookie queria ser dele? Se ainda havia dúvidas sobre a química entre eles dois, esse episódio acabou com todas elas. E, agora, até eu, que tanto defendi o Bill, quero muito ver como a relação dos dois vai se desenvolver. Aliás, a relação deles já estava com um gás bem diferente e... interessante mesmo antes dessa amnésia. Se não bastasse isso tudo, o Eric, inesperadamente, matou a Claudine. Eu fiquei surpreso, mas ela não vai fazer muita falta. Nem pra mim e muito menos pra Sookie, com certeza. E agora, depois de ter drenado uma fada "pura", o que acontece? Ele vai andar sob sol? Vai ter algum efeito colateral? E quais vão ser as consequências disso na Fadolândia?

De bônus, ainda podemos ganhar mais Pam. Embora há muito tempo ela já tenha se mostrado uma personagem que consegue ser o máximo mesmo em pequenas aparições, a possibilidade de tê-la no núcleo central dos acontecimentos é sempre bem-vinda.

Quanto à Marnie, está claro desde o primeiro episódio que ela é uma velha inofensiva. E ela sabe disso. Todo seu poder depende dos espíritos que ela incorpora e, nesse episódio, vimos o quanto ela está disposta a servir de canal para essas entidades. Uma em especial, a responsável pela amnésia do Eric, está interessada, e me pareceu que esse interesse não se restringe à proposta da Marnie, mas também ao próprio Eric. Se foi ela que baixou quando o Eric perdeu a memória e se, mesmo assim, ela ainda está por ali, alguma coisa esse espírito deve querer.

O Bill, por outro lado, tem se mostrado muito mais legal sendo menos bonzinho. O que não é uma novidade. Sempre gostei dele com a Sookie, mas aquele casal fofo e apaixonado da primeira temporada claramente não existe mais. Às vezes me pergunto se ele realmente a amou ou se não foi tudo parte de um plano maior no qual o único objetivo dele era alcançar todo esse poder que ele tem agora. Por outro lado, acontecem cenas como aquela na qual ele dá conselhos à Jessica. Além de ter sido uma cena bonitinha por motivos óbvios, ficou claro como o Bill viu um reflexo da sua própria relação com a Sookie na situação da Jessica com o Hoyt, e como ele queria evitar que a sua cria sofresse por ter escondido coisas da pessoa que ela ama. E mais, como seria muito pior se o Hoyt descobrisse tudo por outros meios. Nesses momentos, parece não haver dúvidas de que o Bill amou a Sookie e que ele se arrepende de ter escondido tanta coisa dela. O que aconteceu foi que ele se enrolou com seu próprio excesso de conhecimento num momento em que todo mundo queria as respostas que só ele tinha. Mas por que exatamente só ele tinha? Não esperem que eu responda essa pergunta, vou só divagar mais um pouco.


Apesar de eu achar que o papel de rei caia muito bem no Bill e que, olhando sua posição atual, pareça que ele realmente queria esse poder há muito, ainda cogito a possibilidade dele estar nesse cargo por conveniência. Nunca tivemos provas concretas de que ele é obcecado por poder. Mesmo naquele flashback em Londres, quando ele é abordado pela Nan Flanagan, pareceu que o maior objetivo do Bill sempre foi se enturmar. Lá, ele só aceitou trabalhar em parceria com a AVL porque queria que uma convivência pacífica fosse possível. Lembram como ele sofria bullying de outros vampiros por se esforçar tanto para se misturar com os humanos? Pra mim, pelo menos por enquanto (e muito provavelmente por pouco tempo), ele sempre quis viver em paz. Apenas isso. Só que, depois que o Eric despertou a fúria do Russell, e o Russell, por sua vez, despertou a fúria do mundo inteiro, o Bill se viu obrigado a dar um jeito nas coisas, o que seria muito mais fácil caso ele fosse rei. A Sophie-Anne e o Russell nunca chegaram nem perto de serem bons monarcas e, como a monarquia vampírica em geral, não trabalhavam em conjunto com a AVL. Mais que nunca, ele tem a chance de interferir diretamente na busca por uma convivência pacífica. Os meios que ele usa, porém, são duvidosos, mas a AVL não é menos uma fachada do que uma entidade preocupada com a boa relação entre vampiros e humanos. Com o poder, vem inevitavelmente a corrupção, e o Bill não parece estar muito preocupado com isso.

Mas então a gente dá uma volta imensa pra parar mais uma vez na relação dele com a Sookie. Se ele realmente a amou e só queria viver em paz com ela, porque mesmo ele a estava investigando para a Sophie-Anne? O fato de ele estar fazendo sexo com diversas outras mulheres significa que ele a esqueceu de vez? Por que exatamente ele deixou a Sookie entrar no quarto quando ainda tinha uma outra mulher lá dentro, terminando de se vestir? A verdade é que por mais que eu tente entender o Bill, mas complicado ele me parece. Vai ser ele só não faz sentido, mesmo. Uma coisa, porém, é certa: o Bill é um dos personagens mais interessantes da série.

A Tara é uma personagem que desde sempre despertou amor e ódio nas pessoas. Contudo, ela me parece bem inofensiva em relação à chatice nessa temporada, mas bem mais hostil para os vampiros. Tudo bem que ela sempre foi badass, mas quando ela ia ter coragem de enfrentar um vampiro como a Pam, ou, pior, tentar fincar um estaca no Eric? Tudo aquilo que ela passou com o Franklin de fato a transformou. Felizmente, parece que vamos mesmo deixar de assistir à Tara vítima, que tem a mãe alcoólatra, que serve de fantoche pra uma mênade, que perde o namorado e que é prisioneira de um vampiro insano, para assistir à uma Tara no controle das situações. A cena dela apontando a arma pra Pam, somada a revelação de que ela criou toda uma nova identidade longe de Bon Temps, é só um pouco dessa nova Tara que tomou as rédeas da própria vida. Além disso, é bom não a ver jogada num núcleo aleatório, mas sim junto do Lafayette, perto dos grandes acontecimentos. Espero que continue desse jeito.

Ainda não sei exatamente o que pensar da trama do Sam. Sei que a cena dele com a Tara nesse episódio só reforçou o quanto eu gosto deles dois juntos. Eles têm química. Acho que essa nova personalidade dele, menos boazinha, pode render situações mais interessantes do que aquela chatice da família biológica da temporada anterior. Ele está cada vez mais imprevisível e a relação dele com o Tommy, cada vez mais curiosa. Depois daquela conversa esquisita no episódio anterior, eles discutiram mais uma vez por causa de supostas diferenças caráter. Mas, de alguma forma, eles se entendem. Quando o Tommy disse que está de saco cheio do irmão agindo como se fosse melhor que ele, o Sam não falou nada. Ele sabe que, na verdade, não é tão melhor assim. Resta saber onde isso vai parar e como a Luna, a nova namorada do Sam, vai ser influenciada (ou influenciar, quem sabe?) por essa situação.

Eu já não tinha o menor saco pra Crystal antes. Agora, então, que ela está completamente aloprada, muito menos. Eu sei que ela está funcionando à base de drogas, mas estar drogada não é desculpa pra despejar chatice na gente. A Amy, aquela namorada do Jason da primeira temporada, vivia drogada e era muito mais legal que a Crystal. Essa trama foi a única que ficou mais diretamente ligada com a temporada anterior e, vejam só, é a mais chata de todas. E a situação toda é sem noção. Quanto tempo o Jason ainda vai ficar preso naquela cama? Posso indicar 397 situações nas quais ele seria bem mais produtivo.

Eu falaria mais sobre o reencontro da Sookie com o Alcide se ele não tivesse sido só... um reencontro. Quero dizer, falando em termos práticos, a cena só serviu para trazer o personagem de volta à série. Certo, também ficamos sabendo que, apesar de tudo, os sentimentos do Alcide pela Sookie não mudaram, mas ver a Debbie loira e convertida pela Igreja (sempre ela!) foi muito mais interessante e, pelo menos pra mim, inesperado.

Depois de um episódio como esse, a única coisa que posso fazer é, quem diria, esperar ansiosamente por mais Eric desmemoriado.



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13 comentário(s):

Helga Campos 12/07/2011, 10:41  

concordo plenamente com vc, só um porém: a Tara continua sendo chata e essa história de Lafayette brujo, preferia q ele tivesse morrido, nao me faz nenhuma falta... Esse núcleo deles já cansou...
E a Marnie ainda nao me convenceu, espero cenas próximas pra saber se convencerá...

carolete 12/07/2011, 11:48  

Concordo com suas palavras, com Bill mostrando um lado obscuro e Eric parecendo uma criança, pedindo desculpa a toda hora, acho que Sookie vai descobrir um lado mais doce dele, e a Fiona Shaw está muito bem, essa coisa toda de bruxas querendo ressuscitar os mortos vai render muito e acho que vai ser bom MESMO!A Pam é ma-ra-vi-lho-sa. Gosto do Que Allan Ball fez e quem já leu os livros também gostou, ele deu vida a personagens que funcionam como meros coadjuvantes de Sookie e na série de tv não é bem assim. Enfim, essa 4ª temporada promete ser muito boa. Esperemos para ver.

Primondo 12/07/2011, 12:50  

Muito ansiosa pelo quarto episódio! Só acho que as coisas entre a Sookie e o Eric estão meio devagar!

Eneida 12/07/2011, 17:53  

Quero dizer que adoro seus comentários, encaixam bem com a maneira que eu enxergo a série...Parabéns!

G, R, 12/07/2011, 20:15  

Eu estou lendo os livros, já estou no sétimo e confesso que o seriado é muito mais excitante, claro, tem o fator que realmente dá para ver o que nós apenas imaginamos. O que o Allan Ball e os roteiristas fizeram, estão de parabéns, adoro a Jessica e sem essa interrupção a série não seria maravilhosa. Acho que a Pam é demais, maravilhosa, linda...
E o Bill menos bonzinho... Muito bom! E eu realmente estou ansiosa pelo quarto episódio.

Crystal, tanto no livro, quanto no seriado é chata. E quanto a Marnie... Também estou esperando aquele 'uepa' para ver se vai ser bom ou não.

Mary 12/07/2011, 21:19  

até agora eu não engoli essa história de fadas. fiquei feliz que o eric (cada dia mais fofo!!) detonou com a Claudine e ainda fez cara de cãozinho arteiro ... não estou gostando dessa fase do sam, sinceramente. apesar de estar curiosa pra descobrir o lado mais "selavagem" dele, achei a participação dele nesses primeiros episódios muito maçante. Sobre o Bill ... agora que comecei a ler o primeiro livro da série, entendo o comportamento do Bill nessa quarta temporada. Acho que a série romantizou e amenizou demais a personalidade dele e por isso o "novo" Bill tá um pouco difícil de entender. Crystal: chata de galocha. Pam: diva!! Tara: ainda não me decidi. E a história dos bruxos me dá um pouco de preguiça. Alcide: tomara que ele apareça mais.

Gostei muito dos seus comentários sobre o terceiro episódio, e adoro esse site :-) De repente vc me esclarece uma coisa desse episódio: qdo a Pam foi à casa da Sookie e pediu pra ela abrigar o Eric, ela disse que ninguem podia saber que ele estava lá por que, se o Bill descobrisse, ele ia entregar o Eric pra Liga dos Vampiros e arrumar um jeito de ele ser assassinado. Qual o porblema de um vampiro perder a memória? Por que o risco de ser assassinado por isso?

Oh Noes! 12/07/2011, 23:03  

@Mary
acho que o problema do Bill em querer matar o Eric, não é porque ele está desmemoriado, e sim pq ele provou o sangue da Sookie. esqueceu que o Bill tentou matar o Eric no final da terceira temporada?
e agora que ele é Rei, seria a ocasião perfeita para acabar com o rival, mas parece que o ¨tiro vai sair pela culatra¨,rsrs

Anônimo 13/07/2011, 17:49  

Por enquanto estou amando True Blood
Também acho que quando a serie é mais fiel ao livro
tudo flui melhor.
Sigo o lema: CHARLAINE HARRYS ESTÁ SEMPRE CERTA!!!!

GIULIANO 14/07/2011, 23:37  

EU ESTOU AMANDO TRUE BLOOD...TIRANDO AS PARTES DAS PANTERAS...PUXA...DESNECESSÁRIO...MAS O ERIC E A SNOKIE ESTÃO OTIMOS HEHEHEH QUE CHEGUE LOGO DOMINGO!

blog news 15/07/2011, 03:19  

a marnie e um pouco misteriosa, todos são, mas algo nela me diz q ela ñ e tão boazinha, por exemplo, ela disse q ñ se lembra do q fez, mas ela lembra sim, pelo menos do poder daquele espirito estranho q deu amnesia no eric.

Eru 15/07/2011, 15:29  

Me tirem uma dúvida: como o Eric entrou no coven dos brujos sem ser convidado? O Bill comprou aquela casa em tao pouco tempo?

Equipe Fangtasia Brasil 15/07/2011, 15:38  

@Eru

Sobre o Eric, ou o fato das bruxas serem bruxas as descaracteriza como humanas, portanto ele não precisou de convite pra entrar, ou ele pode ter entrado normalmente porque aquilo é um estabelecimento, e não uma residência.

Quanto ao Bill, aquela é a mesma casa dele. Em um dos episódios dá até pra ver a casa nova "virando" a casa antiga. E não foi tão pouco tempo assim, né? Já se passou um ano, ele virou rei... E, além disso, ele sempre teve dinheiro. Ou seja, todas as condições pra comprar uma casa daquelas.

Eru 15/07/2011, 16:00  

Entendo, então por ser de uma bruxa ele podia entrar... ja quanto ao Bill eu imaginei se ele nao teria comprado aquele imovel dos bruxos, mas valeu a resposta =)



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