3x04 - 9 Crimes

Como de hábito True Blood consegue me supreender quase que em todo episódio. Esse último, apesar d’eu não ser muito adepto de dramalhões, foi bastante emocionante. Não teve aquela atmosfera típica de frenesi própria do seriado, mas é inegável que foi no mínimo bonito. Mas como nem tudo são flores, calha de nem tudo acabar agradando. Deixem me dar um exemplo bem claro disso.

Eu não sei o quão profunda é a relação entre a Sookie e o Alcide nos livros, mas porque será que me parece que não ta rolando clima ali? Ok, alguns de vocês podem me dizer que o meu desejo de ver a Sookie ou com o Eric ou com o Bill me cegou diante de uma nova relação, ou ainda que é muito cedo pra poder afirmar qualquer coisa, mas ainda assim, cadê clima? Eu não sei se pode ser algo especificamente entre os atores que interpretam esses dois personagens, mas pra mim, essa química ainda não existe. E pra ser bem sincero sinto até uma vibe meio fraternal entre os dois, sei lá, me chamem de louco.

Uma cena a se ressaltar nesse episódio é aquela em que o Bill “termina” o relacionamento com a Sookie pelo telefone. Sério, essa cena foi de uma crueldade quase prazerosa, e olha que eu gosto do casal, hein? O Bill incorporou com primazia um tom de frieza e crueldade que sempre pareceram circundar o personagem, e conseguiu sem perder a pose cometer o pior dos atos em um relacionamento, terminar por telefone.

Foi de fato interessante assistir ao Bill despejando sobre a Sookie, sem dó nem piedade, todas aquelas “verdades”. Sem contar que só numa situação como aquela nós poderíamos vê-lo cuspindo alguns palavrões. Eu preciso admitir que assistir personagens fazendo coisas pouco comuns aos seus papéis é algo que me agrada muito, mas quando envolve a palavra fuck então, nem se fala. E ainda vale destacar o requinte de crueldade da Lorena de ter a cara de pau de mandar um francês pra cima da Sookie. O máximo!

Mas mais impressionante do que qualquer uma dessas coisas, é lembrar que essa cena, calminha, bonitinha e civilizada é a continuação daquela cena de sexo animal-satânica do outro episódio! Foda, né? Melhor ainda foi a finalização com o murro na cara da Lorena!

E por favor, eu sei que a maioria de vocês odeia a Lorena... tá bom, nem sei, tô só presumindo isso, mas vocês hão de concordar comigo que a Mariana Klaveno é uma atriz e tanto! Não só por ter de trabalhar emoções muito diferentes em situações no mínimo inesperadas, mas também por conseguir convencer o público como pseudo-vilã a ponto de ser odiada. É no minimo louvável!

Outra coisa que definitivamente me agradou muito nesse episódio foi ter percebido que os diretores criativos de True Blood não simplesmente ignoraram e puseram de lado a trama do Sam. Ela tem tudo pra ser esquecida, digamos assim, já que é a única parte da história que é independente de qualquer outra, mas tá ficando cada vez mais interessante! E eu estou sinceramente bastante ansioso pra ver como a relação dele com a família vai evoluir a partir dessa proximidade e dessa reeducação familiar que o Sam está tentando promover. Acho também que o irmão dele tem tudo pra se tornar um personagem importante, muito principalmente porque suas verdadeiras intenções ainda são um grande mistério. De vez em quando me pergunto: afinal, ele é bom ou mau?


Mudando de uma criatura mítica para outra, essa cena imaginaria do Eric com a Sookie foi simplesmente muito foda! Eu não sei o que foi exatamente melhor, se foi quase acreditar que ela estava de fato acontecendo, ou se foi descobrir que não passava de um sonho acordado do Eric. Reparem em como ele ficou encabulado e constrangido quando percebeu o que tava acontecendo. Gente, foi o máximo! Eu rezo todo dia para que os diretores e roteiristas de True Blood mantenham esse holofote sobre ele, to me divertindo muito!

Uma outra coisa que eu preciso admitir, é que eu fico bastante orgulhoso em perceber como True Blood foge do padrão de séries de entretenimento vazio. Eu não tô querendo dizer que as outras séries não tentam passar algum tipo de mensagem, mas é que True Blood faz isso de uma forma tão clara mas ainda assim tão natural, que é definitivamente algo a ser comemorado. Acho muito interessante e muito inteligente (e essa não deve ser a primeira vez que eu digo algo do tipo) o aproveitamento que uma simples relação fictícia entre duas ou três raças consegue promover, abordando questões que vão do sexo às drogas num par de passos.

Voltando a falar sobre os personagens, eu definitivamente sinto muita pena da Tara. Coitada dela! Mas ninguém pode negar que a trama dela só faz ficar cada vez melhor! Franklin Mott consegue personificar a essência de todo amor doentio que existe, antes e pós morte. Tá sendo simplesmente impagável. E eu sei que a relação deles dois é bizarra até demais, mas ainda assim não consigo evitar de sentir uma simpatia pelo casal.

De uma forma geral, estou gostando bastante de toda a história no Mississipi. Eu fiquei um tanto receoso de que a evolução da trama principal novamente pra outro lugar que não Bon Temps fosse acarretar numa confusão semelhante a da segunda temporada, mas muito pelo contrario, me parece que está funcionando muito bem como fio condutor!

E antes que eu me esqueça de comentar: coitada da Pam! Essa sensação de que estão tentando arranjar alguma razão pra matar ela não me agrada nem um pouco! Vou ali chorar no cantinho e já volto, beijos. Apesar deles estarem maltratando a Pam, eu preciso reconhecer que toda aquela cena foi ótima. A saída que a Pam conseguiu achar pra não entregar nem o seu próprio criador e nem a Rainha, e ainda relacionar cada vez mais os núcleos da trama foi muito boa!

Entre as diversas coisas que podem ser ressaltadas desse episódio, algumas delas são a contratação da Jessica como garçonete no Merlotte’s, o Eric salvando o Lafayette, a história do Alcide com a ex-noiva dele, a Debbie, e todo o resto do bando de lobos, a percepção de que Jason Stackhouse é inteligente o bastante para chantagear alguém, a complicação no relacionamento já trôpego da Jessica e do Hoyt em função de um típico mal-entendido, e sinceramente as cenas ao final do episódio envolvendo aquela stripper.


De fato, foi pensando na cena do diálogo entre a stripper e o Bill que me veio a cabeça o quanto esse episódio foi de uma beleza sutil. A forma como ela acabou sendo morta, apesar de violenta, ainda adiciona uma certa poesia ao tal diálogo.

Cenas como essa e como aquela na qual a Sookie fala para a Debbie como Alcide ainda se sente, ou ainda a cena do diálogo entre o Sam e seu irmão, sem dúvida deram a esse episódio, mesmo tendo um ritmo mais lento, uma carga emocional sutil o bastante mas que ainda perdura apos o fim do capitulo, mostrando que True Blood pode sim brincar com outras áreas sem perder a graça.