20 de junho de 2010

Denis O'Hare fala sobre a relação de Russell e Talbot [SPOILERS]

Denis O'Hare as Russell EdgintonDenis O'Hare foi o primeiro novo ator oficial na terceira temporada de True Blood, anunciado pouco depois da season finale da segunda temporada ter ido ao ar, como Russell Edgington, o pouco amigável Rei do Mississippi. Apesar de pouco conhecido do grande público, Denis tem uma carreira altamente respeitada no teatro dos Estados Unidos, tendo ganhado um Tony em 2003 pelo seu papel na peça Take Me Out.

Gay assumido, ele a falou para a The Advocate sobre a visão que as pessoas têm de um ator gay interpretando um gay, sobre a relação de Russell e Talbot e toda a pesquisa envolvida na criação da personagem. De um tempo pra cá havíamos parado de traduzir essas entrevistas enormes e repetitivas, mas, acredite, essa é, no mínimo, interessante. E com spoilers.

The Advocate: É legal ver você interpretando um gay em True Blood. Você já tinha passado por essa experiência em Take Me Out e em An Englishman in New York, mas você raramente pega papéis de gay, o que é curioso, já que você é assumido. Foi uma decisão consciente?
Denis: Não. Anos trás eu fiz um teste para o filme Melhor é Impossível, aquele com o Jack Nicholson, a Helen Hunt e o Greg Kinnear. Minha audição foi para o personagem gay. Assim que eu terminei a cena, a diretora de elenco revirou os olhos e disse “Esse personagem é gay. Eu estou cansada das pessoas interpretarem gays como se fossem heteros. Ele é um gay!” Então eu perguntei se podia fazer de novo, e ela disse “Sim, faça-o gay!” Então eu refiz e fui um pouco mais nessa direção e não ficou ruim. Quando terminamos, ela perguntou como era a minha família, se eu tinha uma esposa. Eu disse “Não, eu tenho um namorado.” Ela falou “Você é gay? Achei que você tivesse uma esposa!” Foi muito revelador pra mim ver que ela tinha uma concepção errada de como pessoas gays deveriam atuar. Portanto, já que eu não estava atuando daquela maneira, eu não podia ser gay. Foi uma experiência muito bizarra. Pelo que parece, para alguns diretores de elenco heterossexuais, eu não sou gay o suficiente para interpretar um personagem gay.

Você definitivamente já interpretou alguns heteros idiotas. O que você tem a dizer sobre o artigo do Ramin Setoodeh na Newsweek?
Eu devo admitir que não li, então eu não deveria falar sobre ele, mas é claro que, de qualquer forma, eu tenho uma opinião sobre isso. Me incomodou, mas acho que a discussão é um pouco mais complicada. Não acredito que ele tenha tido a intenção de afirmar que atores gays não conseguem convencer em papéis heteros, mas sim que, uma vez que se sabe que um ator é homossexual, a audiência não cede na crença. Acho que um ponto crucial ficou perdido nessa discussão. O texto dele não tinha a ver com a habilidade dos atores, e sim com os preconceitos da sociedade e a nossa dificuldade de dar a mesma credibilidade para a interpretação de um ator gay que damos à Julia Roberts quando ela interpreta uma cientista nuclear. Nós conseguimos acreditar nisso, mas não conseguimos aceitar que o Sean Hayes quer levar a Kristin Chenoweth pra cama? Isso é um problema.

Você interpretou o par romântico da Christina Applegate na montagem de 2005 de Sweet Charity, na Broadway. Você ouviu alguma reclamação sobre sua atuação?
Não, não ouvi. A única reclamação que chegou até mim foi que meu personagem acabou ficando um pouco vilão no final, porque ele dá um pé na bunda da Charity. Mas ela havia mentido sobre ser uma prostituta! Ele tinha o direito de dar o pé nela!

É mais especial interpretar um gay?
Bom, com certeza é como explorar território conhecido. Você pode meio que relaxar um pouco por não estar mentindo. Ao atuar, há sempre aquela sensação de que você está sendo uma fraude, de que alguém vai chegar pra você e dizer “Você não é um medico de verdade!” Então, quando você interpreta um espelho da sua conduta natural, consegue sentir pelo menos um pouco mais de autenticidade. Eu gosto sim de interpretar gays, mas a sexualidade do personagem, mesmo que ele seja gay, não é necessariamente o traço principal para mim. No caso do Russell, ele é um druida muito antigo, obcecado por poder e que está seriamente preocupado com a administração de suas terras. Não querendo menosprezar, mas ser gay é só mais um aspecto da vida dele.

Usando as palavras dessa diretora de elenco, você e o Alan Ball tiveram alguma conversa sobre o quão "gay" o Russell deveria agir?
Não. Alan Ball agiu como um homem gay falando com outro homem gay, então nós não sentimos a necessidade de ter esse tipo de conversa. Porque, bom, se eu estiver em cena com um homem muito bonito, é óbvio que eu vou ficar reparando nele,

Não posso falar muito, mas na sua primeiríssima cena, você aparece rodeado por homens nus.
Ah, sim, e acredite, foi uma cena muito engraçada de gravar. Eu pensei “Wow, esse sim vai ser um trabalho legal”!

True Blood é conhecida pela nudez masculina gratuita. Você ficaria nu para uma cena, caso pedissem?
Pediram, e eu de fato apareço and na cama com alguém no episódio 10. É só da cintura pra cima, mas eu estava usando uma jockstrop. Eu tenho 48 anos, então eu meio que não estava mais esperando esse tipo de cena na minha carreira, mas estou satisfeito com o meu corpo. Não posso competir com um de 25 anos, mas estou em boa forma. E eu passei as duas semanas anteriores à gravação fazendo horas extras na academia.

E o Russell tem o que, 3.000 anos de idade?
Bom, 2,800, mas o que são alguns séculos entre amigos?

Eu li que o Alan Ball te deu carta branca para criar o passado do seu personagem, já que ele não é um dos principais nos livros da Charlaine Harris. O Russell sempre foi gay assumido, ou ele só saiu do armário mais tarde, já como vampiro?
Ele é um celta de algum lugar ao leste de Danube, como os Cárpatos. Eu fiz uma pesquisa considerável sobre a cultura celta e, já que ele é muito velho, de uma cultura tão diferente e provavelmente pagão, ele tem uma um hábito cultural e um entendimento de cultura moral muito diferentes do que os que temos hoje em dia. Não estou dizendo que havia um ritual homosexual na cultura celta, mas as sociedades antigas certamente tinham uma ideia bem diferente do que as pessoas faziam na cama, como as relações entre mestres e pupilos do mesmo sexo, na Grécia. Mas apesar de tudo isso, eu acredito que seja apenas uma questão de preferência da parte dele. Isso não significa que, ao longo dos anos, ele nunca tenha seduzido mulheres poderosas, ou casado com uma.

Mesmo antes de surgirem vampiros gays na série, os vampiros de True Blood sempre foram vistos como uma metáfora para os gays e os direitos deles. Você vê o desejo do Russell de casar com a Sophie-Anne como o antigo casamento por conveniência?
Sim, como em qualquer outra realeza. Edward II, que muito provavelmente era gay, casou-se com uma rainha francesa que reclamava dos amantes masculinos do marido. Esses casamentos sempre foram poderosos.

Não consigo entender porque um vampiro gay escolheria morar no Mississippi, que é o mais conservador que um estado conservador pode ser.
É, eu sei, também me fiz essas perguntas. Na verdade, eu cheguei a ir até Jackson e Natchez — meu namorado e eu ficamos numa casa onde eles não estavam muito confortáveis com a presença de um casal gay e birracial — e algumas coisas interessantes me vieram à cabeça. Eu notei uma fina camada de neblina e pensei que se fosse um vampiro, gostaria de morar num lugar no qual pudesse passar despercebido e driblar a luz do dia, porque a neblina te esconde e não deixa o sol penetrar. Essa gente tem que se esconder o tempo todo, então tudo se resume aos lugares nos quais você pode se esconder melhor. Por isso, um lugar com neblina, pouco povoado e com casas imensas separadas por grandes pedaços de terra é ideal para um vampiro. Outra informação interessante para compor o personagem, foi o fato dos druidas antigos venerarem o carvalho, que era uma árvore simbólica para eles. Todas as plantações da região são lotadas de grandes carvalhos, então não é muito difícil imaginar esse celta chegando lá e pensando “Estou em casa”.

Russell e Talbot namoram desde 1.300, então ele com certeza é um pioneiro na comunidade gay.
As, sem dúvidas. Acredito que ele sempre teve vários homens. Eu e o Theo Alexander, o ator que interpreta o Talbot, passamos muito tempo fazendo trilhas pelo Runyon Canyon tentando criar nosso passado. As ideias vierem de nós dois, e acabamos chegando a conclusão de que eles estavam em Bizâncio, onde Talbot era um tipo de príncipe grego. Eles se conheceram numa festa a fantasia, na qual Talbot estava fantasiado de Alexandre, o Grande, e Russell de Augustus. Talbot ainda era mortal quando eles se apaixonaram.

Você inventou seu passado fazendo trilhas? Que másculo.
Bom, depois da caminhada, nós almoçávamos uma salada e um quiche, então acabava nem sendo tão másculo assim. Nós passamos muito tempo juntos, então estamos realmente confortáveis um com o outro. Quando fizemos nossa primeira leitura, nós já tínhamos essa química incrível, que não tinha desaparecido. Eu ainda falo com ele uma vez por semana, e a cada duas tentamos nos encontrar. Ele é um cara maravilhoso. Criar o passado dos nossos personagens foi muito engraçado, porque eu não queria impor nada, mas é claro que eu tinha as minhas ideias. Às vezes o Theo dizia alguma coisa e eu respondia "Olha, acho que o Russell não é passivo".

Descreva a dinâmica entre Russell e Talbot durante esses 700 anos de relação.
O que vocês verão é um casamento que já foi muito explorado e está meio desgastado. Esses caras reclamam o tempo todo, mas há sempre uma grande afeição na base disso tudo. Theo e eu estávamos preocupados com a grande quantidade de cenas de briga que havia entre a gente, mas no final temos uma cena linda, um momento carinhoso no qual eu posso finalmente colocar minha mão no rosto dele e dizer o quanto ele significa para mim. Essa cena foi um grande alívio, porque todo dia de filmagens nós nos perguntávamos como podíamos mostrar esse amor.

Uma mão na bochecha é o máximo que veremos de demonstração de amor entre gays nessa temporada?
Tem mais algumas coisas com o Talbot e outra pessoa e também entre o Russell e outra pessoa, o tal cara com o qual eu fiquei nu. Ele foi interpretado por um jovem ator heterossexual, um cara muito legal. Antes da cena eu o puxei pra perto e falei “Certo, é isso aqui que eu vou fazer: um pouco disso e mais um pouco disso aqui”. Eu tive de tirar toda a vergonha dele, mas ele foi ótimo.

Então Russell e Talbot têm uma relação aberta?
Bom, é aquela história, depois de 700 anos, você tem que arrumar um jeito de manter o fogo aceso. Também tem um consenso meio que Você não vai a lugar algum. Se você quer aquilo, vai lá pegar, mas daqui você sai. O nível de confiança ali é bem forte, então Russell não tem medo do Talbot se apaixonar por outra pessoa. Theo e eu conversamos sobre a idéia de eles terem rompido durante uns 75, 80 anos, por volta de 1.700. O Russell foi para as índias Orientais Holandesas se envolver com o comércio, e o Talbot voltou para a Grécia para lutar pela independência dele, mas eles sentiram tanta falta um do outro, que acabaram voltando.

Você e o Hugo, seu namorado, estão juntos há 10 anos. A diferença de 10 pra 700 é bem grande, mas você usou alguma coisa da vida real para a construir a relação dos personagens na série?
Na verdade não. Hugo e eu temos uma relação fantástica. É claro que temos uns conflitos vez ou outra, mas nos damos muito, muito bem. Em 10 anos nós construímos um grande respeito mútuo, então é muito difícil entrarmos em brigas desrespeitosas. A única semelhança é que Talbot adora decoração e o Hugo é um designer de interiores.

OK, vamos falar sério. Quando se trata de uma alma gêmea para a Sookie, você é Team Eric ou Team Bill?
Ai, meu Deus. Não quero amarelar aqui, mas eu invoco meu direito de ficar calado. Eu preciso de ambos estrategicamente falando, então seria pouco inteligente escolher apenas um.



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4 comentário(s):

Jefferson 20/06/2010, 19:26  

Muito boa essa entrevista!
Valeu FB por essa...!!!! Vocês são d+.

É Nós na Crítica 20/06/2010, 22:35  

Maravilhosa entravista,o cara é muito cabeça pena q ele ñ disse se ql Team ele era rsrsrsrs

Sussuchuchu 21/06/2010, 12:06  

entrevista sensacional

po vlwwww

Unknown 21/07/2010, 17:06  

amei a entrevista ^^
mt curiosa sobre o q vai acontecer na série
=)



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